quinta-feira, 22 de março de 2007

Rui Silva comenta o FCPorto-3 Académica-0

“Na análise da nossa derrota por 3-0 no campo do FC Porto, começo por onde costumo terminar: a dar os parabéns aos nossos jogadores pela forma fantástica como se bateram e por terem dignificado – e de que forma - o nome da Briosa ao longo do jogo. E porque começo por aqui? Porque apesar de uma série de contrariedades antes e durante o jogo, os nossos jogadores tudo fizeram para vencer o jogo e foram sempre humildes, unidos e com uma personalidade fora do vulgar para jovens desta idade. Tudo começou com a avaria do nosso autocarro logo de manhã, ainda na auto-estrada, o que implicou que tivéssemos - à pressa - que arranjar um restaurante que às 11 horas, e sem contar, servisse o almoço a toda a comitiva. Louve-se o empenho dos seccionistas presentes e das pessoas que, em Coimbra, tentaram (com sucesso) resolver as questões da alimentação e do transporte. Mesmo assim, os jogadores só iniciaram a refeição perto do meio-dia (deveria ter-se iniciado às 11 horas), tendo terminado já depois das 12h30m, ou seja, a menos de 2 horas do início do aquecimento.Depois, o jogo: entrámos muito bem, para vencer, a jogar de igual para igual com o FC Porto, com excelente posse e circulação de bola (ao contrário dos jogos anteriores, em que marcámos cedo e não tivemos posse de bola), defendendo muito bem, trocando a bola com grande classe e personalidade, e atacando com perigo – a 1ª grande oportunidade de golo foi nossa, logo aos 2 minutos, mas o Traquina adiantou muito a bola e, na altura do remate, um defesa adversário cortou para canto. Estávamos bem, a jogar “olhos nos olhos” com o adversário, confiantes que poderíamos (e queríamos) vencer. O jogo estava repartido mas, aos 16 minutos, a 2ª contrariedade do dia. E de que monta... Após uma jogada confusa na nossa área, e após uma série de ressaltos, um remate já na pequena-área bate no peito do nosso guarda-redes e é desviado contra o braço do central Fábio, que estava em cima da linha de golo. O árbitro assinalou, bem, grande penalidade. Mas tomou uma decisão da qual discordo: expulsou o nosso jogador. Discordo porque não houve intenção do Fábio de cortar a bola, o remate é a 2 metros e ainda sofre um desvio no guarda-redes, ele nem sequer teve tempo de mexer o braço. O FC Porto concretizou a grande penalidade e, assim, restavam 74 minutos para jogar. Se jogar em casa do FC Porto 11 contra 11 e com 0-0 já não é fácil, imagine-se jogar 10 contra 11, a perder, com tanto tempo para jogar. Sim, porque com menos um jogador, tanto tempo para virar um resultado é, nestas circunstâncias, muito penalizador. Exige um esforço muito maior de cada atleta, o espaço a percorrer por cada um é enorme, o cansaço vai surgindo e vai-se acumulando. Ficámos a jogar só com 3 defesas mas mesmo assim reagimos bem e atacámos muito, tivemos alguns remates, cantos e livres que nos levaram a supor que poderíamos chegar ao empate ainda na 1ª parte. No entanto, aos 30 minutos, na sequência de um lance ofensivo da nossa equipa, sofremos o 2º golo num contra-ataque rapidíssimo, que poderíamos – e deveríamos - ter parado na zona de meio-campo. Não o fizemos e sofremos o 2-0.

Para a 2ª parte rectificámos alguns posicionamentos, redefinimos a estratégia e entrámos com o intuito de reduzir a desvantagem, primeiro, e, depois, tentar chegar pelo menos ao empate. Os nossos miúdos bateram-se muito bem, com grande entreajuda defensiva, mas o FC Porto fazia uma grande circulação de bola a todo o campo, o que nos desgastou muito nos processos defensivos e nos foi limitando as acções ofensivas. Refrescámos o ataque – retirámos um médio e um ponta-de-lança (o Traquina, completamente esgotado pelos 2 jogos pela Selecção Nacional durante a semana) e colocámos 2 avançados. Dispusemos de 3 ocasiões flagrantes para marcar: uma pelo recém-entrado Nivaldo que se isolou mas, não fosse o diabo tecê-las, logo a bandeira de “fora-de-jogo” (inexistente) subiu. Depois, mais perto do fim, o também recém-entrado Heldon isolou-se na área e, por duas vezes na mesma jogada, permitiu a defesa do guarda-redes. As forças já começavam a faltar e a 5 minutos do final, na sequência de um passe errado a meio-campo, o FC Porto fez o 3-0, com a nossa equipa já muito cansada e a jogar com 9 (estava um jogador a ser assistido). No entanto, e como é lógico, o FC Porto também dispôs de oportunidades para aumentar, que não aconteceram devido ao grande empenho dos nossos jogadores.

Em resumo, um jogo que queríamos vencer mas que, pelas circunstâncias, se tornou muito complicado para nós.

Parabéns, mais uma vez, aos nossos miúdos, que 11 contra 11 mostraram grande classe, e 10 contra 11 tudo fizeram para alcançar o melhor resultado possível, batendo-se com muito brio. Foram, acreditem, muito BRIOSOS os nossos jogadores, temos que estar orgulhosos deles.

Ainda faltam 5 jornadas, e tudo faremos para conseguir o apuramento, apesar de neste momento não dependermos só de nós, pois paramos na próxima jornada. Mas “o sonho comanda a vida” e enquanto for matematicamente possível, contem connosco.”