sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Académica perdeu mística e é fonte de desprestígio para a cidade

Coimbra, 29 Dez (Lusa) - O jurista António Marinho Pinto considerou hoje que a Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol (AAC-OAF) "perdeu toda a sua mística e transformou-se numa grosseira mistificação", constituindo "uma fonte de desprestígio" para a cidade e Academia.

"Perante estes últimos acontecimentos, com o presidente da Académica a ser acusado de cerca de uma dezena de crimes de corrupção, a Académica (AAC-OAF) é um peso enorme para a cidade de Coimbra, em que as vantagens são muito maiores do que as pseudo-vantagens", afirmou.

Em declarações à agência Lusa, o professor de Direito na licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra observou também que "aquilo que individualizava a Académica no contexto desportivo português desapareceu completamente".

"Este processo é a evidência última da igualdade da Académica em relação a tudo o que há de mau no futebol português. A promiscuidade entre o futebol e o poder autárquico e político está aqui demonstrada", frisou.

Para o causídico, que presidiu à Secção de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, representa "um imenso escândalo o dinheiro, terreno e facilidades que a Câmara deu à Académica nas últimas três décadas".

"A Associação Académica de Coimbra (AAC) que é o maior clube do país, em termos do número de praticantes e de modalidades, não recebe um centésimo do que recebe a OAF e não é apoiada", criticou o advogado.

António Marinho Pinto estranhou ainda o que classificou como "silêncio ensurdecedor" dos estudantes de Coimbra em relação a esta matéria.

"O facto de massa associativa assistir, impávida e serena, ao processo, constitui um sintoma do grau de degradação a que chegou a Associação Académica de Coimbra - Organismo Autónomo de Futebol", disse ainda.

Contactado hoje pela Lusa, o presidente cessante da direcção- geral da AAC, Fernando Gonçalves, escusou-se a comentar a situação no Organismo Autónomo de Futebol.

O presidente da AAC/OAF, José Eduardo Simões, é acusado de oito crimes de corrupção passiva, quatro para acto ilícito e quatro para acto lícito, e, segundo o Ministério Público, teria também recebido vantagens patrimoniais para si próprio.