quinta-feira, 30 de novembro de 2006

O que diz o ROC

Muito bem. Depois do meu amigo António Romão me ter garantido que nada me impediria de transcrever o que o ROC diz, pouparam-me ao trabalho de o fazer e tanto a Agência Lusa como o Diário de Coimbra, fazem esse trabalho por mim.
Ora vejamos o que diz a Lusa:

Futebol: Revisor Oficial de Contas acusa Académica de fuga ao Fisco


Coimbra, 30 Nov (Lusa) - O relatório do Revisor Oficial de Contas (ROC) da Académica, a que a agência Lusa teve quarta-feira acesso, considera que o aumento do passivo pode levar à extinção do clube, acusando a gestão de fuga ao Fisco e à segurança social.

"Os prejuízos acumulados até Junho de 2005 conduziram a um capital próprio negativo que pela sua dimensão pode colocar em causa a continuidade da Académica", concluiu o ROC da Académica.

São vários os pontos que o ROC condena: a transferência de Marcel a título definitivo para o Benfica e a indemnização a atletas que tinham contrato e cujas rescisões não trouxeram qualquer contrapartida financeira para o clube.

Além destes, é também criticado o contrato com a TBZ, empresa que gere o Estádio Cidade de Coimbra por acordo com a Académica, bem como valores pagos a atletas e técnicos sem tributação de IRS e, nalguns casos, Segurança Social.

Em relação à transferência de Marcel, "a sua contabilização não coincide com os valores contratuais tomados separadamente", enquanto "o contrato de cessão de exploração do estádio, assinado com a TBZ em 31 de Julho de 2005, inclui cláusulas que parecem não terem sido devidamente executas e outras que remetem para cláusulas inexistentes".

O ROC fala "em procedimentos pouco rigorosos" em uso no futebol da Académica que impedem a identificação de todas as transacções ocorridas e critica "os actos de gestão que fogem à objectividade dos números apresentados".

O valor apresentado como passivo na época 2005/2006 é de 12,1 milhões de euros e o relatório não foi apresentado aos sócios antes da Assembleia Geral de hoje, conforme determina a lei.

NR.

Lusa/fim.



Agora leiamos o que diz o Diário de Coimbra:

Parecer do ROC é sério aviso à direcção de José Eduardo Simões
Prejuízos colocam Académica em risco de sobrevivência

É, no mínimo, preocupante o parecer do Revisor Oficial de Contas (ROC) em relação às finanças da Briosa. No documento, ao qual o nosso Jornal teve acesso e que só ontem ficou disponível aos associados, é traçado um futuro bastante negro para a instituição conimbricense, caso a sua gestão não sofra fortes alterações.
Neste parecer datado de 21 de Novembro e que será alvo de profunda análise na Assembleia Geral que terá lugar esta noite, o ROC deixa claro que «os prejuízos acumulados até Junho de 2005 conduziram a um capital próprio negativo que pela sua dimensão pode colocar em causa a continuidade da instituição».
Na mesma análise, o ROC, numa alusão ao Relatório de Gestão apresentado pela direcção academista, realça que «a redução deve ser lida como referente ao passivo de médio e longo prazo já que o geral (12.123.383.70 euros) aumentou significativamente conforme expresso nas respectivas contas». Lembrando ainda que a estrutura financeira do clube conimbricense «permanece com um desequilíbrio preocupante», o ROC avisa que apesar de se ter «registado uma travagem assinalável na tendência dos resultados registada nos últimos anos, há que ter em conta que tal se deveu a proveitos que não se repetem com frequência». Uma referência que o próprio Conselho Fiscal reiterou quando no seu relatório diz ser necessário «contrariar a tendência de agravamento do passivo de uma forma sustentada e logo menos assente em proveitos irregulares», numa alusão à transferência de Marcel para o Benfica.
Apesar de ter certificado as contas, o ROC não deixou de fazer um reparo ao afirmar que pelo facto da Académica/OAF não dispor de «um sistema de controlo interno formalizado» que «aliada a procedimentos pouco rigorosos em uso no sector» impede a identificação de «todas as transacções ocorridas». Uma ideia também partilhada pelo Conselho Fiscal que defende a «conveniência de serem instituídos procedimentos que deixem evidência documental do controlo das operações», conforme se pode ler no documento assinado pelos membros do referido órgão social. Um dos exemplos para a falta de documentação é relativo ao contrato entre Académica e TBZ.

Ricardo Sousa

Suponho não ser preciso mais considerandos...